21 de agosto de 2014

Fábrica da Honda: Empresa é denunciada por irregularidades


Uma empresa terceirizada que presta serviços para a Honda e a Toda do Brasil, responsável pela construção da nova planta da fábrica de automóveis em Itirapina, foi denunciada há aproximadamente dois meses por trabalho análogo a escravidão. 
Segundo o gerente regional do Ministério do Trabalho, Antônio Valério Morillas Júnior, os trabalhadores não estavam recebendo salários, além de estarem morando em condições precárias e sofrerem com problemas no fornecimento de alimentação. “Fomos avisados pelo Sindicato dos Servidores Públicos de Itirapina e fizemos uma fiscalização e as denúncias ficaram comprovadas”.
De acordo com Morillas Júnior os trabalhadores, que não eram de Itirapina, foram recrutados por uma empresa que presta serviços a Toda do Brasil. “A Toda acabou assumindo a responsabilidade pelos trabalhadores e por este motivo não houve uma autuação”. O gerente regional do Trabalho afirmou que somente após as denúncias os operários conseguiram receber e deixaram a obra. “Essa é uma situação complexa que acontece muito. Apesar de ser uma empresa terceirizada, foi a Toda do Brasil que contratou, ela se tornou solidária e responsável. Por isso teve que assumir as responsabilidades”, explicou Morillas Júnior, que ainda informou que há cerca de 15 dias um grupo de trabalhadores fez uma denúncia de irregularidades junto ao Sindicato, porém o Ministério do Trabalho não foi notificado. 

OUTRAS DENÚNCIAS
De acordo com informações obtidas pelo Primeira Página, trabalhadores da obra de construção da Honda reclamam da falta de segurança no local e de equipamentos obrigatórios. O transporte dos operários estaria sendo feito de forma irregular.
Informações mostram que os operários são transportados em ônibus velhos, sem seguros e sem condições de segurança. Vans fazem a locomoção de operários entre cidades até a planta da Honda, o que é proibido pela legislação.  
Ainda segundo informações obtidas com exclusividade pelo Primeira Página, motoristas que fazem o transporte dos operários não teriam cursos específicos ou habilitação para exercer profissionalmente a função de motorista.
Durante o velório do trabalhador morto ontem em um acidente na fábrica da Honda, alguns funcionários se queixaram dos problemas e da falta de segurança, porém, com medo de retaliações, pediram para não serem identificados. 

APURAÇÃO
O gerente regional do Ministério do Trabalho, Antônio Valério Morillas Júnior, informou que até sexta-feira os fiscais do Trabalho estarão na planta da Honda em Itirapina para apurar as causas da morte.  “Vamos analisar o caso da morte, além disso, verificar as condições de trabalho, de segurança. Vamos apurar tudo e verificar de quem é a responsabilidade pela morte”, explicou.
Morillas Júnior disse ainda que irá verificar se há precarização da relação de trabalho. “Isso é uma coisa comum que vem acontecendo nas relações de trabalho da construção civil, vamos observar, analisar se há algo errado”.

SINDICATO
O presidente do Sindicato da Construção Civil de São Carlos e Região, Renato Toselli, afirmou que vai aguardar a Polícia enviar o laudo do acidente para apurar os fatos. “Não sabemos se o laudo e o comunicado virão para São Carlos ou Limeira”.

HONDA
Em nota  a Honda Automóveis do Brasil esclarece que os contratos com a construtora e demais prestadores de serviços da obra contemplam cláusulas que exigem o cumprimento de todas as legislações. Ainda segundo a nota, a obra foi paralisada pela Honda para apuração dos fatos, realização de perícia e comunicação às autoridades. As atividades serão retomadas hoje.

Fonte: Jornal 1ª Pagina