Uma creche de Itirapina (SP) pode fechar as portas devido à falta de repasse
no valor de R$ 150 mil anual que deixou de receber da Prefeitura. A
administração municipal afirma que há irregularidades na prestação de contas.
Com isso, a entidade filantrópica já enfrenta dificuldades para atender as 63
crianças matriculadas no local. Os pais que dependem da escola estão
preocupados. O Ministério Público (MP) abrirá um inquérito civil para apurar o
caso.
A principal fonte de recursos da creche Carmo Giovaneti vem da Prefeitura. Pelo
convênio, a instituição deveria receber R$ 12,5 mil, mas o pagamento foi
cortado há dois meses.
No prédio onde funciona a creche vazamentos no teto e o mato alto mostram a
falta de manutenção. O telefone está cortado. As 11 funcionárias que trabalham
no local estão com os salários atrasados. “Já estamos há dois meses sem o nosso
pagamento e infelizmente não temos uma data de quando receberemos”, afirmou a
coordenadora pedagógica, Lara Gobbi.
A falta de dinheiro também se reflete na alimentação e higiene das crianças. O
estoque de comida e produtos de limpeza está acabando. Os armários estão
praticamente vazios. “Faz uns três meses que estamos sem os produtos.
Conseguimos um pouco por meio de doação. O que tem aguenta no máximo até
sexta-feira (8)”, contou a cozinheira Rosana Botão.
Sobre a verba para a compra de comida, o secretário da Fazenda reafirmou que a
prestação de contas tem que ser regularizada para que o dinheiro seja liberado.
O Sindicato Beneficente do Estado de São Paulo informou que acompanha o caso
que enviará um representante ao local ainda esta semana para avaliar as
condições da instituição.
A catadora de recicláveis Viviane de Oliveira tem dois filhos matriculados no
local e disse que não sabe o que fazer. “Se fechar, com quem irão ficar as
crianças? Nós não temos com quem deixar”, disse.
O líder de produção Gilmário Moreira também está preocupado. “Fica muito
difícil porque não tenho com quem deixar meu filho. Eu queria que resolvesse
essa situação o mais rápido possível porque se essa creche parar o que será de
nós?”, questionou.