13 de fevereiro de 2013

Escândalo sexual no coro dirigido pelo irmão do Papa


Colaborador de Bento XVI exige "uma limpeza" para afastar violadores.
"Os abusos sexuais de menores por parte de responsáveis do clero são actos criminosos, vergonhosos, pecados mortais inadmissíveis", disse ao diário italiano La Repubblica o cardeal Walter Kasper. O clérigo alemão, próximo colaborador do Papa Bento XVI, reagiu assim com indignação aos recentes escândalos sexuais que têm abalado a Igreja Católica. O mais recente envolve o coro de Ratisbona, na época em que era dirigido pelo arcebispo Georg Ratzinger, irmão do Papa.
O escândalo sexual na Igreja alemã começou em finais de Janeiro no colégio jesuíta Canisius, frequentado pela elite do país. Na altura, o reitor do estabelecimento de ensino havia admitido que antigos alunos sofreram abusos sexuais nos anos 1970 e 1980. O caso envolvia dois antigos professores jesuítas. A questão da pedofilia alastrou a várias outras instituições escolares da Igreja Católica na Alemanha. Foi o caso do colégio de Ettal, na Baviera, onde vários religiosos já se demitiram.
Também na Baviera, o coro dos pequenos cantores de Ratisbona, dirigido entre 1964 e 1993 por George Ratzinger, também foi envolvido nos escândalos sexuais. A diocese da cidade começou por admitir a existência de abusos sexuais nos anos 1950, acrescentando dispor de informações sobre "alegados casos ocorridos entre 1958 e 1973". Mas ontem, o arcebispo de Ratisbona, Gerhard Ludwig Mueller, publicou um comunicado no jornal oficial do Vaticano, o Osservatore Romano, a garantir que os abusos sexuais "não coincidem com o período em que o professor Ratzinger esteve à frente do coro".
De acordo com Mueller, o primeiro caso de abusos sexuais produziu-se em 1958 e terá sido cometido pelo vice-director de uma escola preparatória independente que colaborava com o coro. O indivíduo em questão já terá sido afastado do cargo e punido penalmente. O segundo caso terá envolvido uma pessoa que trabalhou durante sete meses para o coro de Ratisbona e 1958, tendo sido condenada por abusos sexuais 12 anos depois.
Os esclarecimentos do arcebispo alemão surgem na edição do Osservatore Romano que inclui um pedido do Vaticano para ver esclarecidos todos os casos de pedofilia na Igreja Católica. Nos últimos anos, os escândalos surgiram, por exemplo, nos EUA, México, Austrália, Irlanda e Holanda. Além dos prejuízos para a sua imagem, a Igreja já pagou milhões em indemnizações às vitimas.