Na noite do último dia 4, na sede do Sindicato dos
Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Itirapina, em assembléia
realizada pela diretoria, presidência e demais funcionários, com participação
da Força Sindical e da FESSPMESP (Federação dos Sindicatos dos Servidores
Públicos Municipais de. São Paulo), ficou decidido que eles entrariam em
“estado de greve” . A ação, em linhas gerais, significa que o Sindicato está
aguardando o aval do Ministério do Trabalho para futura decisão de entrar ou
não em greve, isto depois de esgotadas todas as negociações, e dentro dos
trâmites legais.
A decisão foi
tomada, segundo a presidente do Sindicato, Claudete de Oliveira, após
protocolados dois documentos com uma
série de reivindicações junto à Prefeitura de Itirapina, os quais, de acordo
com ela, foram simplesmente ignorados pelo patrão, no caso o prefeito José
Maria Cândido. “Diante da total falta de abertura para a gente negociar as
propostas, dialogar, ou até mesmo enviar as contrapropostas, a assembléia decidiu por iniciar o estado de
greve”, comentou Claudete.
Entre as 20
reivindicações do Sindicato estão: reposição do IGPM dos últimos 12 meses,
aumento real de 10%, aumento do valor do cartão alimentação, vale alimentação
para servidores que fazem jornada noturna, implantação de adicional de risco de
vida para motoristas de ambulância, décimo quarto salário dos servidores do
executivo – equiparando aos do legislativo que já recebem o benefício, licença
prêmio para todos os servidores, assim como ocorre no Estado, entre outros, “Porém,
as 20 reivindicações são propostas para estarmos negociando, embora o patrão
não tenha se dado nem mesmo ao luxo de dizer vamos discutir as demais
prioridades”, reforçou ela.
Claudete
afirmou que recebeu informações extra-oficiais, de que o prefeito irá enviar nos
próximos dias uma proposta de aumento salarial pequena e junto com ela a
criação de novos cargos de confiança, com salários superiores ao de chefe de
divisão, que hoje gira em torno de R$ 1.600,00 porque alguns funcionários de
confiança estariam descontentes com
o atual salário, frente à grande
responsabilidade dos respectivos cargos. “Sei que o patrão precisa de cargos em
comissão, é previsto na Constituição Brasileira, mas deveria valorizar também
os funcionários de carreira, que ganham menos do que a metade de um chefe de
divisão (R$ 800,00), e eles é que, realmente, ‘carregam o piano’ nas costas.
Essa sempre foi e sempre será a luta do Sindicato em prol dos trabalhadores”,
opinou, ao frisar que o Sindicato está indignado com a forma que o patrão está
tratando os funcionários de menores rendimentos.
A Presidente
do Sindicato disse estar sentindo que o gestor municipal esta com intenção de
criar um desafeto entre ele e ela, tentando com alguns insultos descabidos
mudar o foco das atitudes tomadas pela administração contra o funcionalismo, o
que, segundo ela, cria uma grande rejeição. “Ninguém gosta de ficar sendo
ferido nos seus ideais a todo o momento, com acusações infundadas, pois o
patrão já declarou em um outro veiculo de comunicação algumas bobagens”,
finalizou.
O PREFEITO
Ouvido pela reportagem, o prefeito José Maria
Cândido classificou as propostas do Sindicato como “irresponsáveis” diante das
enormes dificuldades financeiras que o município atravessa. “A presidente do Sindicato, ex-vereadora,
conhece bem o orçamento. Poderia enviar umas 3 propostas e não mais de 20. O
fato é que a questão tem sido tratada na esfera política porque ela não admite
ter sido derrotada por mim nas eleições passadas. De qualquer forma, estamos
analisando as propostas, mas adianto que muitos itens são irrealizáveis. Sem
contar que o aumento total proposto pelo
Sindicato é da ordem de 18% enquanto outras cidades em condições financeiras bem melhor que a
nossa estão dando, no máximo, 7%”, relatou o prefeito. Por que ela não propôs tudo isso na gestão
passada?”, indagou.
QUESTIONAMENTOS
O prefeito questionou também as contas do Sindicato e os
recebimentos da presidente Claudete. “Por que ela na faz como as demais instituições e não coloca as contadas do
Sindicato às claras, para todos observarem, dentro do princípio da
transparência?”, “Por que ela não
divulga aonde gasta o dinheiro do Sindicato?”, “Por que ela não fala que
recebeu insalubridade mesmo estando afastada de suas funções para se dedicar ao
Sindicato?”, “Por que ela não se informa melhor antes de ficar falando bobagens
por aí?”
Quanto à
informação de que ele irá enviar projeto de lei à Câmara para aumento de
salários e criação de cargos, Zé Maria adiantou que pretende sim criar novas
funções e extinguir outras. “Faz parte da minha forma de governar, sou mais
técnico e preciso de um grupo de trabalho afinado com minha filosofia de
administrar, tanto que a proposta para a criação de cargos com salários um
pouco maiores é devido ao fato de grande parte deles ter curso superior. Na
verdade, meus atuais cargos de confiança são os que trabalham mais, muito mais
que outros”, finalizou ele.
Reportagem: Ricardo Luís Gama